#125. Vá à Justiça
O desafio de expressar opiniões/ser interessante na internet e como é fácil levar empresas abusadas à Justiça.
Olá,
Um dos pontos de virada para quem escreve publicamente é a descoberta de que suas opiniões não são distintas nem geniais como se acreditava.
É mais ou menos como aquela história da pessoa incentivada a abrir um restaurante pelos amigos que elogiam sua comida. Pode dar certo? Sim, mas entre fazer um almoço gostoso, em casa, para seis pessoas, e cozinhar a noite inteira, coordenar uma equipe e pilotar um negócio, há um abismo.
Na escrita, suspeito que a crítica cultural seja uma cilada das mais comuns. É um assunto subjetivo, que desperta paixões e que geral crê dominar.
Talvez só não seja mais mal compreendida que a crônica esportiva. Todo torcedor tem certeza de que faria um trabalho melhor que o do técnico do seu time. Deve ser horrível treinar times de futebol.
Eu, óbvio, já me aventurei a escrever críticas de filmes, livros e coisas do tipo. Hoje, sou bem reticente em cometer textos do tipo. É fácil zoar, fazer piada — esse é sempre um caminho fácil —, só que isso não me instiga. (Só às vezes.) A crítica séria, ou que se leva a sério, é outro nível.
Pensei nisso depois de assistir a “O silêncio”, filme do Ingmar Bergman de 1963. Sabe quando você assiste a um filme e não consegue verbalizar as sensações? Senti-me assim quando a sessão terminou.
Logo em seguida, fiz o que costumo fazer: ler uns comentários de gente como a gente no Letterboxd, uma rede social de filmes. E aí topei com esta crítica (com spoilers), de uma mulher chamada Sally Jane Black, que deu um belo sentido à coisa toda.
Não sei se a Sally costuma acertar tanto nas críticas, nem se é alguém que trabalha com isso, que se dedica ao ofício. Se não, é a exceção que confirma a regra.
Tem cozinheiro de fim de semana que se daria muito bem abrindo um restaurante.
***
Na última edição, escrevi que nos oito meses de silêncio na newsletter me diverti “uma ou duas vezes”. Estava fazendo drama. Dada a reação de algumas pessoas próximas (uma), temo que possa ter deixado mais alguém preocupado.
Para dissipar quaisquer mal entendidos, afirmo aqui, publicamente, que me diverti mais do que duas vezes em 2023.
***
Nessa semana ganhei um processo contra a empresa de gás do meu antigo prédio.
Fui negativado no Serasa por uma “dívida” de R$ 17 que nem sabia que existia e, depois que paguei (com multa e juros de mora), levaram um mês para limparem meu nome. É mole?
Acho que isso varia de estado para estado. No Paraná, dei entrada no processo, via Juizado Especial Cível, pela internet. É só preencher um formulário, anexar as provas e mandar uns documentos por e-mail (essa parte é meio zoada). Uns dias depois a audiência é marcada e… bem, é isso. Tem que ficar atento aos prazos e responder quando solicitado, mas deu para fazer tudo sem sair de casa.
No que quero dizer que é mais fácil do que imaginava, e um caminho válido para colocar empresas abusadas na linha. Recomendo.
***
No podcast, publiquei um monólogo da minha jornada para escolher uma pulseira fitness. Queria uma sem tela, mas não tem — ao menos, não um modelo acessível/que não custe um rim.
Procure por “guia prático” no seu app de podcasts ou ouça no site.
(Pela primeira vez, um ouvinte mandou recado em áudio. Achei o máximo!)
***
No último e-mail eu me despedi dizendo que voltaria à sua caixa de entrada em “26/8”, que foi ontem, sábado, e não hoje, domingo, dia em que envio a newsletter.
Não sei o que me aconteceu.
Desta vez, sem erro: a gente se fala novamente no dia 10 de setembro.
Até!