#137. Leituras de 2024
Olá,
Quis dar um “oi” antes de terminar 2024 para te dizer que ainda estou vivo.
Com o ano acabando, chega aquela época de retrospectivas e tudo mais. Limitarei-me a falar um pouco dos livros que li.
Foram 16 finalizados e mais 4 que larguei pela metade.
A vida é muito curta para ler livros ruins, chatos ou com que topamos no momento errado. Não os encaro, os livros abandonados, como erros. Valeram pela experiência.
Dos que eu li até o final, um detalhe curioso foi a proporção entre digitais (tablet e Kindle; 75%, ou 12 livros) e em papel (25%, 4 livros).
Fiquei surpreso com o tanto de livro digital. Logo eu, que prefiro ler no papel. A homogeneização do digital (em especial no Kindle) faz das leituras algo mais “esquecível”. Não que eu tenha esquecido mais das leituras que fiz no Kindle.(Esqueço de todas, sem distinção do suporte.) É da experiência mesmo, do objeto físico, da tipografia, da sensação tátil. Até a leitura de um texto medíocre[1] fica menos sofrível no papel (embora continue sofrível; não tem papel ou projeto gráfico que salve um livro ruim).
Gostei da minha lista de leituras. É bem equilibrada: tem clássicos e lançamentos, ficção e não-ficção, homens e mulheres, brasileiros e estrangeiros.
Para dar contornos concretos a esta notinha, vou indicar quatro livros de que gostei muito, dois de ficção e dois de não-ficção:
- “A vegetariana”, da Han Kang.
- “Memórias póstumas de Brás Cubas”, do Machado de Assis.
- “Alienação e aceleração”[2], do Hartmut Rosa.
- “Pedagogia do oprimido”[3], do Paulo Freire.
Que em 2025 eu consiga destinar mais tempo a leituras longas.
[1] https://manualdousuario.net/como-enfrentar-o-odio-felipe-neto/ [2] https://manualdousuario.net/aceleracao-hartmut-rosa-neil-postman/ [3] https://manualdousuario.net/paulo-freire-pedagogia-oprimido/
Eu e a P. marcamos em um app o intervalo entre coisas que gostamos de fazer, tipo ir ao cinema e sair para tomar um café/brunch gostoso. Isso nos ajuda a não esquecer desses eventos especiais a dois. (Males da tardo-modernidade!)
O lembrete do cinema está acumulando poeira já faz mais de quatro meses. Não por escassez de bons filmes em cartaz, nem por questões logísticas. Eu ainda gosto muito do ritual de ir ao cinema.
O que tem pesado são as companhias bagunceiras na sala de projeção, que falam o tempo todo, usam o celular e — fiquei horrorizado em saber — agora cantam e berram dentro das salas[4], a depender do filme.
Peguei-me pensando em um novo filão para as combalidas redes de cinema: criar o oposto das sessões infantis, aquelas em que é permitido às crianças transitar, gritar, chorar, enfim, agirem como crianças.
Seriam as sessões adultas. (Com outro nome, talvez, para não confundir nem decepcionar os pervertidos.) Uma sessão em que se proíbe a entrada de celulares, sacos de papel/plástico barulhentos e conversas. Tolerância zero. O lanterninha com poder de polícia, auxiliado por dois seguranças brucutus. Para finalizar, uma lista de personas non gratas, infratores reincidentes proibidos de retornar à sessão adulta. Seria sucesso.
[4] https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2024/12/cinemas-sofrem-com-publico-que-canta-faz-baderna-e-fuma-maconha-nas-salas.shtml
Descolei uma impressora e estou cogitando desfazer-me do tablet para passar menos tempo olhando para telas. A facilidade do tablet é muito difícil de resistir. (A do celular nem tanto, porque o meu tem a tela minúscula e é claustrofóbico ler nela, o que acho uma enorme vantagem.)
Minha ideia é imprimir coisas interessantes ao longo do dia e à noite, quando não tiver nada para fazer (situação recorrente), ler no papel em vez da tela.
Acho que no próximo envio desta newsletter poderei compartilhar os resultados iniciais do experimento.
Assisti ao filme “Abismo de um sonho” (1952), do Fellini, e notei uma personagem conhecida fazendo uma ponta: Cabiria, interpretada Giulietta Masina. Segundo o IMDb, Fellini gostou tanto da personagem que escreveu um filme só dela, o aclamado “Noites de Cabiria” (1957). (Os dois eram casados.)
Tive surpresa similar ao me deparar com Quincas Borba na leitura de “Memórias póstumas de Brás Cubas” (1881), de Machado de Assis, personagem que dá título a seu romance seguinte, de 1892.
E você aí, achando a Marvel/Disney inovadora por criar um ~multiverso nos anos 2010…
A notinha acima saiu primeiro no meu blog[5]. Tenho atualizado ele mais — às vezes, só ele. Ando com (ainda mais) preguiça de redes sociais.
[5] https://rodrigo.ghed.in/blog
Espero que o seu fim de ano seja legal. E o meu também.
A gente se fala em 2025.
Até lá!
— Rodrigo Ghedin