Newsletter do Rodrigo Ghedin logo

Newsletter do Rodrigo Ghedin

Inscrever-se
Arquivo
Março 4, 2025

#141. Negatividade

Olá,

Tornei-me a pessoa que temia: um reclamão. A ponto de, no domingo, P. reclamar que eu estava muito negativo.

Faz alguns meses que virei participante involuntário do clube dos que acordam às 5h da manhã, o que me levou a ver o final dos desfiles das escolas de samba por esses dias. A única coisa em que conseguia pensar enquanto elas passavam pela avenida era a poluição monumental que deixavam para trás, das fantasias detalhadas aos carros alegóricos imponentes.

Mais tarde, vimos o vídeo da Anitta mostrando sua casa, o que talvez tenha sido um equívoco porque não consigo ver impassível vídeos do gênero “gente muito rica mostrando suas mansões bregas”.

É esse tipo de negatividade, uma mistura de tédio, impaciência e uma pitada de cinismo, que estou emanando.

Talvez os dias de feriado tenham levado a um aumento nos acessos ao Bluesky (Twitter 2.0) e do consumo de TV. Tratei de cortar ambos.

Preciso sair mais de casa.


Se tudo correr bem, nesta quarta retornarei ao meu bom e velho (e pequeno) iPhone. Não aguentei duas semanas com outro celular, embora considere que a culpa foi menos do Android, mais do tamanho gigantesco do Galaxy A55 — e de todos os celulares modernos. Parecem tablets, quase inutilizáveis.

Pelo menos agora vou sossegar o fogo no rabo e ficar com o meu celular antigo (e pequeno) com um apreço renovado por ele, torcendo para a bateria durar bastante e os dois riscos que apareceram embaixo da tela não piorem. E, espero, menos obcecado por bobagens que, tal qual a bad vibes, não sei de onde vêm e acho que me fazem mal.

Escrevi um negócio relacionado a isso no Manual do Usuário[1].

[1] https://manualdousuario.net/obsessao/


Li três livros em 2025:

  1. “De moto pela América do Sul”, uma edição editada dos diários que o jovem Che Guevara escreveu durante a viagem que fez de moto (às vezes, a pé) pela América do Sul, antes de virar o guerrilheiro revolucionário. Achei fascinante e me levou ler mais a respeito dele.

  2. “Nexus”, o novo do Yuval Harari, me fez questionar o meu eu de uma década atrás que gostou muito de “Sapiens”. Fraquíssimo[2].

  3. “A década da revolução perdida”[3], do Vincent Bevins, um relato por vezes em primeira pessoa dos protestos de massa desencadeados pela Primavera Árabe nos anos 2010 e as consequências que sentimos ainda hoje. (O Brasil tem destaque no livro; Vincent morou uns bons anos aqui no período, como correspondente internacional.)

[2] Minha crítica no Manual: https://manualdousuario.net/nexus-livro-yuval-harari-critica/
[3] Li a edição em inglês, que tem um título mais ousado (e melhor). No Brasil, a publicação é da Boitempo: https://www.boitempoeditorial.com.br/produto/a-decada-da-revolucao-perdida-153076


Um abraço e até a próxima!

— Rodrigo Ghedin

Não perca o que vem a seguir. Inscreva-se em Newsletter do Rodrigo Ghedin:
Blog Bluesky
Este e-mail chegou a você pelo Buttondown, a maneira mais fácil de lançar e expandir a sua newsletter.